Mas não a traí. Em meu coração Vive a sua imagem pertencida, e nada direi que possa Envergonhá-la. A minha ausência. É também um sortilégio Do seu amor por mim. Vivo do desejo de revê-Ia Num mundo em paz. Minha paixão de homem Resta comigo; minha solidão resta comigo; minha Loucura resta comigo. Talvez eu deva Morrer sem vê-Ia mais, sem sentir mais O gosto de suas lágrimas, olhá-la correr Livre e nua nas praias e nos céus E nas ruas da minha insônia. Digam-lhe que é esse O meu martírio; que às vezes Pesa-me sobre a cabeça o tampo da eternidade e as poderosas Forças da tragédia abastecem-se sobre mim, e me impelem para a treva Mas que eu devo resistir, que é preciso... Mas que a amo com toda a pureza da minha passada adolescência Com toda a violência das antigas horas de contemplação extática Num amor cheio de renúncia. Oh, peçam a ela Que me perdoe, ao seu triste e inconstante amigo A quem foi dado se perder de amor pelo seu semelhante A quem foi dado se perder de amor por uma pequena casa Por um jardim de frente, por uma menininha de vermelho A quem foi dado se perder de amor pelo direito De todos terem um pequena casa, um jardim de frente E uma menininha de vermelho; e se perdendo Ser-lhe doce perder-se... Por isso convençam a ela, expliquem-lhe que é terrível Peçam-lhe de joelhos que não me esqueça, que me ame Que me espere, porque sou seu, apenas seu; mas que agora É mais forte do que eu, não posso ir Não é possível Me é totalmente impossível Não pode ser não É impossível Não posso.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentários:
Enviar um comentário